Aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 anos de idade caem pelo menos uma vez por ano. Depois dos 80 anos de idade, essa porcentagem pode chegar a 50%. A cada ano, são registradas no mundo 37 milhões de quedas suficientemente graves para demandar atenção médica – o que faz desses incidentes ou acidentes uma das principais causas de mortes não intencionais. E são os velhos as maiores vítimas das quedas.
Apesar dessa incidência significativa, os programas de prevenção ainda são localizados e restritos. A International Osteoporosis Foundation, uma ONG com representações em todo o mundo (a da América Latina fica em Buenos Aires)) luta para convencer os sistemas públicos de saúde que essa prevenção vai economizar dinheiro, mas os resultados ainda sã escassos.
A IOF elaborou um mapa mundi do consumo diário de cálcio, um dos fatores que podem reduzir a incidência da osteoporose. A América Latina ficou mal e dentro dela, o Brasil: a ingestão média de cálcio entre os brasileiros na faixa dos 20 aos 60 anos é de 505 miligramas por dia, o que coloca o país na lista dos que tem menor ingestão em todo o mundo.
Existem dois tipos de osteoporose: a primária, que é uma perda óssea que pode ser atribuída ao envelhecimento ou às consequências hormonais conhecidas do envelhecimento, como o declínio do estrogênio e da testosterona. E a secundária, que é resultado de outras doenças, como a doença celíaca associada à má absorção de cálcio, ou efeito secundário de determinados medicamentos.
É possível prevenir, com exercícios regulares de peso e resistência, inclusão de cálcio adequado na dieta e um nível adequado de vitamina D na corrente sanguínea, que pode ser conquistado com a cautelosa exposição à luz solar – tomando as precauções necessárias para evitar o câncer de pele.
O que tem avançado no campo das quedas e fraturas são as pesquisas pontuais. Para conferir o papel dos exercícios na prevenção das quedas, uma equipe multidisciplinar de ingleses e australianos, coordenada pelo Cochrane Bone, Joint and Muscle Trauma Group da Universidade de Manchester, no Reino Unido, analisou 108 ensaios clínicos randomizados com 23.407 participantes de 25 países.
Todos eram idosos e na maioria, mulheres – a idade média dos participantes dos estudos era de 76 anos e três quartos deles eram mulheres. Ao comparar os resultados de participantes que faziam exercícios de todo o tipo com aqueles que não faziam esse tipo de atividade ou só faziam o mínimo, os pesquisadores constataram que os exercícios reduzem o número de quedas em 23%, além de diminuírem a quantidade de pessoas que caem em 15%. Em números: se houvesse 850 quedas durante um ano, entre os 1000 idosos que não se exercitavam, haveria 195 menos incidentes entre os que praticam tais exercícios. E se 480 em cada 1.000 pessoas experimentassem uma ou mais quedas ao longo de um ano, a participação em programas de exercícios reduziria o número de vítimas em 72 pessoas.
Os pesquisadores estudaram como os vários tipos de exercício resultam e concluíram que aqueles voltados para o equilíbrio e os chamados exercícios funcionais (que partem dos padrões fundamentais do movimento humano – empurrar, puxar, agachar, girar, lançar, etc) são eficazes. Tai Chi Chuan também funciona, mas há dúvidas quanto a eficácia da dança e da caminhada.
O outro lado da moeda apareceu em pesquisa divulgada recentemente na Jama Surgery, uma revista norte-americana sobre medicina: estão aumentando os casos de fraturas em idosos, que realizam atividades, aparentemente inofensivas, como passear com o cão, por exemplo. As lesões mais graves, no quadril tiveram um crescimento expressivo e representaram 17% do número total de casos. O estudo foi realizado entre os anos de 2004 e 2017.
Um documento da Organização Mundial de Saúde lembra que os esforços para prevenir as quedas dependem da participação dos idosos, dos profissionais de saúde e das comunidades. E assinala:
Os programas de exercícios só terão efeito se os idosos forem às sessões, realizarem os exercícios como prescritos e continuarem a fazê-lo depois de terminado o período de treinamento u aprendizado.
Textualmente, diz o estudo: As pessoas só vão mudar seus estilos de vida se: estiverem dentro de sua capacidade de fazê-lo; tiverem os recursos para implementar mudança (incluindo recursos físicos, psicológicos e de capital social); entenderem que as mudanças são benéficas e que esses benefícios superam o custo ou o esforço na superação de barreiras.
Para evitar quedas em casa, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde do Brasil apresenta 11 medidas de prevenção de quedas:
- Evitar tapetes soltos
- Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
- Usar sapatos fechados com solado de borracha
- Colocar tapete antiderrapante no banheiro
- Evitar andar em áreas com piso úmido
- Evitar encerar a casa
- Evitar móveis e objetos espalhados pela casa
- Deixar uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
- Esperar que o ônibus pare completamente para subir ou descer
- Utilizar sempre a faixa de pedestre
- Se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio.